Espaço B / MAC

Espaço B / MAC, 1977

Exposição individual

MAC USP

Avenida Pedro Alvares Cabral, 1301, 04094, São Paulo, SP, Brasil

Tel: +55 11 2648.0254

Espaço B

 

Meu depoimento

Em 1977 Walter Zanini, diretor do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, convidou-me para ocupar o recém-criado Espaço B. Segundo explicou tratava-se de um espaço que abrigaria trabalhos de arte que recorriam a recursos pouco ou nada tradicionais. Contou, também, que em frente da entrada, estaria o Espaço A, destinado a receber obras experimentalista sobre suporte tradicional e quem estaria ali durante minha apresentação seria Ubirajara Ribeiro. Pedi a ele que adiasse por alguns dias a minha abertura para que coincidisse com a do Ubirajara a quem sempre admirei. Fixaram-se as datas 25 de Abril de 1977 para a abertura e 15 de Maio para o fechamento.

Meu plano de trabalho foi entregue em forma de carta de 2 páginascom um depoimento e lista de obra. Uma instalação e peças que, a meu ver, ofereciam um panorama  do que ia no depoimento. 

Na parede ladeada pelos dois vãos de entrada do espaço desenhei a lápis, formato grande, a figura da mão que segura a chama acesa  da prancha nº 6 do projeto Pequeno Mobiliário Brasileiro, com uma lâmpada de poucos wats sobreposta que teve suas 6 pranchas fixadas na parede lateral a esquerda de quem entrava e na parede oposta, em frente, duas variações do projeto Jaula da Anta. Ambos em cópias heliográrficas, denominados para a ocasião “Projetos no Espaço Conceitual”. 

No centro, duas vitrines com pequenos formatos, quase todos em papel, uma delas abrigando “Códigos Verbais” e outra abrigando “Códigos Visuais”.

No fundo a instalação inédita Nós, onde foi feita a performance que deu o título à instalação e onde foi gravado o video Nós (versão II) que a incluiu. 

Em 2017, 50 anos depois, a Galeria PM8, espanhola, remontou a instalação, incluindo o video, reproduzido em televisores da época e 3 fotos da performance, emolduradas.

Gabriel Borba, 2020

 

Conjunto da Obra

Figura

Hino dos Vencidos

Jaula da Anta

Nós

Pequeno Mobiliário Brasileiro

POESIA eVENTO

Rebusteia

The Lady I long for

TRÄMA

Transparências

Jaula da Anta heliografia, 1976

Heliografia com madeira e fio, 47.70 X 57.00

Obras, Séries e Coleções: Jaula da Anta

Exposições: Copy Art in Brazil, 1970-1990, Espaço B / MAC, In Contextu, IX Congresso Brasileiro de Arquitetos

 

Jaula da Anta para o IX Congresso de Arquitetos

Meu depoimento

 

 Em agosto de 1976 inscrevi-me na Exposição Nacional de Arquitetura do IX Congresso Internacional de Arquitetura e Urbanismo, São Paulo, apresentei o projeto  Jaula da Anta, em cópia heliográfica a partir de desenho em papel vegetal.

Ao desenho que se vê aqui foi acrescentada, uma faixa lateral com o título da exposição e do congresso (obrigatórios) e, por minha conta, um “memorial descritivo” dizendo:

 

“Duas as Arquiteturas:

Uma ampla, grande, monumental,

Outra simples e próxima.

 

Aquela da nação, do continente,

Do mundo.

Esta, da Anta.

 

(o resto eis que é cimento)”

 

Ao pé da imagem, um desenho mais elaborado, igualmente em heliografia e de mesmo tamnaho, preparativo daquele que foi para a Bienal de Paris no ano seguinte, para a qual fui convidado.

 

Como em Esopo, a alegoria das figuras escolhidas para compor o projeto induz significados além das suas aparências. Corda, pena e anta são figuras da linguagem popular que usadas em uma mesma frase podem projetar um universo significativo –no caso prefiro a conotação simples, ao extremo, simplório, para anta. Experimente: "É uma anta. Que pena que esticou a corda até que arrebentasse"

O cavalete, suporte de coisas, conforme se o desenhe deixa-se ler ANTA. Liga-se a ME, substituição do sujeito por uma abstração de si e, com esforço, à cena do espelho em Nós Versão II.

Gabriel Borba, 2019